Comorbidades. Quando o TDL não aparece sozinho
Muitas vezes a criança com TDL apresenta paralelamente outros transtornos, que são conhecidos como comorbidades. Existem diversas condições que podem se associar com TDL. Falaremos resumidamente sobre algumas delas, e como podem modificar o comportamento das crianças.
AFI - Apraxia de Fala na Infância
A apraxia é um distúrbio motor da fala, onde existe uma dificuldade do cérebro para planejar e sequenciar os movimentos executados pelos músculos da face, responsáveis pela emissão dos sons. Quando a apraxia acontece junto com o TDL, a criança terá a dicção especialmente prejudicada, além da dificuldade de construir frases, devido ao TDL. Nesse caso, é importante que ela seja acompanhada por um fonoaudiólogo especialista em apraxia.
TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
O TDAH é um transtorno no qual as crianças apresentam um comportamento constantemente impulsivo e distraído. São agitadas, desorganizadas e muitas vezes não conseguem terminar as tarefas propostas.
Quando o TDL acontece paralelamente com TDAH, teremos uma criança que não terá paciência durante as terapias de fala e não demonstrará esforço para tentar acompanhar uma conversa. Amas as condições prejudicam o acompanhamento escolar. Neste caso, além do fonoaudiólogo, a criança precisara ser acompanhada por um neuropediatra e outros profissionais que forem necessários para melhorar seu ajustamento.
TPS - Transtorno de Processamento Sensorial
TPS é um transtorno bastante comum e pouco conhecido. Acontece quando o cérebro não consegue processar simultaneamente todas as informações captadas pelos sentidos: visão audição, tato, olfato, paladar e sistema vestibular e proprioceptivo.
Essas falhas causam uma desregulação na criança, levando a comportamentos de compensação variados. Podemos resumir, dividindo em dois tipos, as características das crianças com TPS:
- As que buscam sensações:
• Gostam de correr, girar, pular e escalar moveis;
• Gostam de brincar com massinha, tinta, lama e substancias diversas;
• Colocam comida demais na boca;
• Costumam agarrar as pessoas e brincar de lutinhas;
• Gostam de cheirar e tocar tudo que podem.
- As que evitam sensações:
• Não gostam de ambientes barulhentos e de sons altos (tapam os ouvidos);
• Não gostam de serem tocados;
• Tem muita sensibilidade a certos tecidos e etiquetas de roupas;
• Andam na ponta dos pés;
• São muito seletivos com a alimentação.
Muitas crianças apresentam características mistas. O profissional que faz o diagnóstico e o tratamento da TPS é o terapeuta ocupacional. É muito comum o TPS acompanhar o TDL. Neste caso, a criança precisa ser acompanhada por um TO em conjunto com um fonoaudiólogo.
DPAC - Distúrbio do Processamento Auditivo Central
O DPAC é caracterizado por uma falha do sistema nervoso central em processar as informações captadas pelas vias auditivas. Geralmente o aparelho auditivo periférico está preservado. A criança tem a audição normal, porém as habilidades auditivas de detecção e interpretação dos sons estão alteradas.
Neste caso, a criança não será capaz de desenvolver a linguagem corretamente e deverá ser avaliada por um fonoaudiólogo, para verificar se há suspeita de comprometimento nas habilidades auditivas. E, caso seja necessário, iniciar a estimulação precocemente. Alguns sinais do DPAC são comumente observados:
• Distração e desatenção;
• Dificuldade e/ou demora pra compreender o que está sendo dito;
• Dificuldade para compreender palavras ou frase de duplo sentido, piadas ou metáforas;
• Dificuldade para perceber de onde vem determinado som;
• Agitação motora.
A partir dos 6 anos a criança poderá realizar um exame especifico para avaliar o processamento auditivo central (PAC), com fonoaudiólogo especializado em cabine acústica. Tal exame, mostrará quais as habilidades auditivas estão prejudicadas e, a partir daí, o profissional poderá desenvolver um plano de reabilitação que atenda diretamente as necessidades daquela criança.