Do ponto de vista da saúde, as mulheres têm algumas vantagens sobre os homens. Um exemplo é expectativa de vida, já que as mulheres vivem, em média, cinco anos a mais que os homens. Mas você sabia como os dois sexos se comparam quando o assunto é perda da audição?
Um estudo realizado pela universidade americana Johns Hopkins descobriu que o risco de perda auditiva é cinco vezes maior em homens do que em mulheres. A Pesquisa Nacional de Saúde, feita pelo IBGE e o Ministério da Saúde também aponta essa tendência aqui no Brasil. Segundo a pesquisa, a perda auditiva atinge 1,2% do sexo masculino, contra 1,0% do sexo feminino.
As razões que justificam os resultados são diversas e incluem questões genéticas e, principalmente, o estilo de vida. Quer entender mais? Então continue a leitura!
Relação entre perda auditiva e gênero
A perda auditiva pode acontecer a qualquer pessoa, independentemente da sua idade, sexo ou formação. Dito isto, é preciso deixar claro que certos grupos de pessoas têm maior probabilidade de apresentar perda da audição.
Já citamos que os homens, em particular, têm um risco maior de desenvolver perda auditiva do que as mulheres. Você consegue imaginar por que isso acontece? A seguir, explicaremos as principais razões.
Questões biológicas
Uma justificativa está relacionada aos hormônios femininos. Eles funcionam como uma proteção para audição, fazendo com que a diminuição da capacidade auditiva comece mais tardiamente.
Assim, a tendência é que a perda auditiva comece a aparecer mais cedo nos homens. Essa diferença, no entanto, diminui por volta dos 50 anos de idade. É nessa fase que as células auditivas começam a se desgastar naturalmente, resultando na perda auditiva relacionada à idade, a presbiacusia.
Entretanto, isso não significa que as mulheres não precisam se preocupar com a saúde auditiva. Embora aconteçam de maneira diferente, os problemas auditivos também são bem comuns entre as mulheres.
Geralmente, as pessoas do sexo feminino perdem a capacidade ouvir sons de baixa frequência antes dos sons de alta frequência. Já nos homens, acontece o oposto. Como resultado, os efeitos da perda auditiva em homens tendem a ser mais graves, já que a perda auditiva de alta frequência reduz o reconhecimento de fala.
Perda auditiva no trabalho
Ao contrário do que você pode pensar, não são as diferenças biológicas que determinam tanta disparidade quando o assunto é perda auditiva. Na verdade, o estilo de vida e a ocupação são os principais fatores que tornam os homens mais suscetíveis aos problemas auditivos.
Se você considerar os tipos de trabalhos que normalmente são realizados por homens, vai perceber que muitos deles envolvem a exposição regular a ruídos altos. Canteiros de obras, fábricas, serviço militar e uso de ferramentas elétricas são alguns exemplos.
A exposição prolongada aos ruídos altos - provenientes tanto de equipamentos quanto do ambiente - pode causar a perda auditiva induzida por ruído. Assim, ficar muito tempo próximo de sons com mais de 85 dB pode causar danos irreversíveis à audição.
Aqui estão alguns exemplos para mostrar como os sons em um ambiente de trabalho podem ser prejudiciais para os trabalhadores:
• Cortador de grama: 90 dB
• Motosserra: 110 dB
• Britadeira: 120 dB
• Avião decolando: 140 dB
Os protetores auriculares são equipamentos de proteção obrigatórios para quem trabalha em locais com barulhos em níveis prejudiciais. Porém, são muitos os homens que deixam de usar os protetores no trabalho, deixando os ouvidos vulneráveis aos sons.
Comportamento de risco
É fato que homens e mulheres nascem com o mesmo nível de audição. Portanto, os audiologistas concluíram que o comportamento é outro fator que torna a perda da audição mais comum em homens.
Alguns hábitos e condições de saúde são conhecidos por aumentar o risco de perda auditiva, como tabagismo, pressão alta e doenças cardíacas. Esses problemas são mais comuns em homens, o que justifica a ocorrência de perda auditiva no sexo masculino.
Além disso, alguns estudos apontam que o uso regular de certos medicamentos tem vínculo com a perda auditiva, principalmente em homens mais jovens. Assim, analgésicos (como aspirina) e medicamentos anti-inflamatórios não esteroides podem afetar profundamente a audição de homens com menos de 60 anos.
O estigma da perda auditiva em homens
Um estudo realizado em uma clínica auditiva de Massachusetts, nos Estados Unidos, analisou que as mulheres têm mais facilidade em falar sobre a perda auditiva com outras pessoas. Elas apresentam formas de facilitar a comunicação, como pedir para alguém conversar mais próximo.
Em contrapartida, os homens costumam esconder a perda auditiva ou têm uma abordagem mais direta, sem sugerir formas de facilitar a comunicação.
Na prática, isso pode ser explicado pela resistência em admitir a perda auditiva ou o estigma contra o uso de aparelhos auditivos. Inclusive, muitos homens acham que usar aparelhos auditivos é um sinal de fraqueza ou é “coisa de velho”.
O medo e o preconceito com a perda auditiva não poderiam estar mais longe da realidade. Diversos estudos comprovam que o uso de aparelhos auditivos contribui para manter a qualidade de vida e ainda ajuda a prevenir o aparecimento precoce de outras condições de saúde, como doença de Alzheimer, demência, depressão e ansiedade.
Prevenir a perda auditiva em homens
Já sabemos que os homens sofrem mais com perda auditiva do que as mulheres. Então, como reverter essa tendência e proteger a audição? Como a exposição ao ruído excessivo é a principal causa de perda da audição em homens, a ação preventiva mais eficaz é usar equipamentos de proteção quando estiver em ambientes barulhentos.
Se possível, também é recomendado ficar longe do barulho excessivo. Para saber se um som é muito alto, faça o teste: se precisar gritar para conversar com alguém, é muito alto. Outra alternativa é limitar o tempo que se expõe aos sons altos.
Seja homem ou mulher, todos só têm a ganhar cuidando da audição. Por isso, consulte um profissional de saúde auditiva se notar algum sinal de perda da audição. Essa é a melhor forma de tratar uma perda auditiva e impedir que ela piore.