No nosso organismo, tudo sofre a ação do tempo. Isso inclui também a nossa voz. Costumamos prestar atenção ao seu amadurecimento, na passagem para a puberdade e, depois, para a idade adulta. Mas nos esquecemos do seu processo de envelhecimento (chamado presbifonia), que pode afetar diretamente as nossas interações sociais, a nossa qualidade de vida e, até mesmo, a nossa saúde!
Os grandes sinais do envelhecimento da voz estão nas perdas da qualidade vocal. Para os homens, costuma ocorrer o aumento na frequência, isto é, a voz parece ficar mais grossa. Mas também pode diminuir a intensidade, ficando fraca, baixa e, em alguns casos, rouca, monótona e instável. Nas mulheres, o envelhecimento vocal costuma ser sentido mais cedo, com a voz ficando discretamente grave, por questões hormonais, após a menopausa.
Além da ação natural do tempo sobre as estruturas e órgãos envolvidos na produção da nossa voz (aparelho fonador), muitas condições ambientais impactam diretamente na saúde vocal. Entram nessa lista questões como: alimentação, tabagismo, alcoolismo, clima, quadros infecciosos, uso de medicamentos e substâncias químicas em geral e, claro, a forma como utilizamos nossa voz no dia a dia.
Sermos mais ativos, termos hábitos saudáveis, praticarmos atividades físicas e trabalharmos bem a voz são medidas importantes para evitar o envelhecimento vocal. Pessoas idosas, em boas condições de saúde e fisicamente ativas, têm vozes tão boas quanto falantes jovens, sendo difícil distingui-las pela idade.
Ou seja, apesar de a voz envelhecer, assim como todo o nosso corpo, nossos hábitos podem conservá-la em boa forma por muito mais tempo!
Patologias
Além dos prejuízos para a vida social, uma voz envelhecida (ou enfraquecida) pode significar a existência de outros comprometimentos físicos, como dificuldade para engolir, para respirar, etc. Alterações vocais podem ser sinais importantes de algum quadro ou patologia instalados em estruturas como a laringe e a faringe. Afinal, essas são as mesmas estruturas que utilizamos para falar, usamos para respirar e engolir.
A voz é produzida através do ar que expiramos. Tudo controlado pelo nosso Sistema Nervoso Central. Se esse ar está fraco por algum problema respiratório ou neurológico, por exemplo, isso tende a se refletir na qualidade vocal. Em muitos casos, teremos um combo que inclui dificuldade para falar, respirar e engolir.
Sendo assim, para todas as pessoas, os cuidados básicos de higiene vocal ao longo da vida são imprescindíveis. Para além disso, diante de qualquer sinal de alteração na voz ou dificuldade na fala, a procura de ajuda especializada é fundamental, permitindo o início precoce de abordagens terapêuticas que poderão evitar comprometimentos maiores e mais sérios.
Saiba mais sobre a voz
– O período de máxima eficiência vocal é entre os 25 a 45 anos de idade;
– O início e o grau de mudança vocal variam entre as pessoas, sendo que influem nisso diversos fatores individuais (questões hereditárias, presença de patologias, questões fisiológicas e psicológicas) e socioambientais (uso inadequado da voz, clima, alimentação, tabagismo, alcoolismo, uso de medicamentos e substâncias tóxicas, etc.);
– Da mesma forma que as demais estruturas do organismo envelhecem, as pregas vocais também sofrem ação do tempo, podendo sofrer alterações na sua espessura. Os músculos envolvidos na produção da voz também podem perder o tônus com o tempo, tornando-se atrofiados, e os ossos se calcificam e perdem a flexibilidade das cartilagens. Como nossa voz é produzida por meio de um complexo sistema que envolve diversas dessas estruturas, esses desgastes podem afetar diretamente a nossa qualidade vocal.