A maior parte das crianças começa a falar por volta dos 12 meses. Aos 2 anos, elas são capazes de formar frases com duas palavras, pronunciar entre 30 e 50 delas e compreender cerca de 200. Mas é claro que cada uma tem o seu próprio ritmo. Além disso, diversos fatores influenciam o processo, como estímulos, deficiências auditivas e neurológicas e até mesmo o sexo. As meninas, de um modo geral, tendem a falar antes. Assim como acontece com o desenvolvimento físico, elas são mais precoces do que eles também na aquisição da linguagem.
Entre os 4 e os 5 anos, espera-se que todos os fonemas (som das letras) já tenham sido adquiridos, incluindo os mais difíceis como “r” e “l”. Mas até aprender a falar tudo, as crianças obviamente irão trocar algumas letras e comer outras. Também é normal repetir palavras ou sílabas, pois muitas vezes a fala não acompanha a velocidade do pensamento. Quando, então, é o caso de consultar um fonoaudiólogo? O processo de aquisição da linguagem acontece por etapas. Primeiro a criança balbucia, depois fala algumas palavras, monta frases, pronuncia todos os sons corretamente, e assim por diante. Não ocorre de um dia para o outro. Se os pais, o pediatra ou a escola perceberam que há atraso em alguma fase, vale a pena buscar ajuda de um especialista.
Fora da zona de conforto
Não é regra, mas acontece com frequência: as crianças costumam, de fato, soltar a língua quando entram na escola. Isso porque, longe de casa, são obrigadas a se virar sozinhas. Têm de se esforçar para se comunicar e interagir. O contato com outras crianças e com os professores também é um ótimo estímulo para aumentar o vocabulário e aprender palavras que fazem parte do cotidiano de outras famílias. A escola sozinha, entretanto, não faz milagre. Muitas vezes, o pediatra recomenda que a família aguarde até a criança entrar na escola, por volta dos 2 ou 3 anos. Mas se ela fala muito menos do que o esperado para a idade dela antes disso, vale a pena fazer uma avaliação fonoaudiológica. Nem que seja para tranquilizar os pais.
Por que ele não fala ainda?
Entre os problemas mais comuns que causam atraso na linguagem estão os auditivos, os neurológicos (como autismo e síndrome de Down) e os respiratórios. As deficiências na audição são a primeira coisa a ser investigada. Pois mesmo que a criança tenha feito o teste da orelhinha ao nascer, otites de repetição e outras doenças podem afetar a audição e, por consequência, a fala. Já os problemas respiratórios, como rinite e outras doenças que fazem a criança respirar de boca aberta, prejudicam o tônus muscular, de modo que as palavras não são pronunciadas corretamente – o mesmo ocorre por causa do uso exagerado de chupetas e mamadeiras.
Muitos casos de atraso na linguagem não exigem um longo tratamento, apenas uma orientação aos familiares para estimular a criança adequadamente no dia a dia. Em vez de dar tudo de imediato, por exemplo, eles terão de aprender a esperar que ela peça, e não apenas aponte o que quer. Também acontece muito de os pais ou cuidadores repetirem as palavras erradas, do mesmo jeito que a criança, quando o melhor é ensiná-las o jeito correto. A linguagem e o pensamento estão interligados. A falta, portanto, pode interferir no desenvolvimento como um todo. Aos 3 anos de idade, uma criança já é capaz de falar do passado.