É comum pensar que, com o tempo, todo mundo fica pelo menos um tiquinho surdo – personagens de filmes e programas de televisão ajudaram na construção desse conceito. Mas, segundo a ciência, quem faz boas escolhas na alimentação provavelmente será um bom ouvinte por décadas a fio.
Dietas saudáveis diminuem em até 30% a possibilidade de os ouvidos pifarem com o passar dos anos.
Para entender esse elo, é preciso saber que escutar é um processo complexo. Ele começa com neurônios modificados chamados de células ciliadas, que “nadam” em um líquido dentro do ouvido interno, pouco distante do buraco da orelha. Essas estruturas, que parecem filamentos, transformam os impulsos mecânicos do som em sinais elétricos, que, por sua vez, viajam pelos nervos ao cérebro. Só lá eles são compreendidos como palavras, músicas, risadas… Ocorre que essa jornada ouvido adentro depende da saúde do organismo como um todo para tocar em sintonia.
A perda auditiva adquirida é o resultado do acúmulo de vários fatores, como fluxo de sangue comprometido, falta de oxigenação, danos provocados pelos radicais livres, inflamação e neurodegeneração. E uma alimentação balanceada é capaz de atenuar todas essas agressões.
O ouvido, que tem uma circulação consideravelmente mais fina e sensível que a dos órgãos maiores, acaba tirando vantagem do seu poder de reduzir a formação de placas de gordura nas artérias. Elas dificultam o abastecimento de sangue para a região e a chegada de nutrientes, hormônios e oxigênio necessários ali.
Fora que as doenças que podem ser evitadas com esses cardápios, como diabetes tipo 2 e hipertensão, estão ligadas a quedas no desempenho cerebral. Ou seja, a própria transmissão da mensagem capturada pelas células nervosas do ouvido acaba comprometida depois de anos de esbórnia alimentar.
Os grupos de alimentos que fazem a diferença para a integridade dos ouvidos
Frutas: Seus pigmentos, como os carotenoides do mamão e da laranja, são protetores da orelha. Coma duas porções ao dia.
Peixes: Eles contêm gorduras consideradas benéficas, a exemplo do ômega-3, com reconhecida atividade anti-inflamatória.
Oleaginosas: Fora terem gorduras vantajosas, carregam zinco, mineral que é ótimo para o sistema nervoso e, logo, para a audição.
Folhas verde-escuras: O ácido fólico presente nelas é um dos compostos mais estudados por seus préstimos ao ouvido.
Água: O sistema que recebe os sons externos é banhado por um líquido que depende de água para se manter atuante.
Sal e açúcar em excesso são inimigos da audição
Se uma bela salada soa como música para os ouvidos, dá para dizer que um banquete açucarado é recebido como uma britadeira. O líquido que envolve as células ciliadas tem uma concentração adequada de sódio e potássio, mas pode se desequilibrar quando os níveis de açúcar disparam.
Tanto a glicose como a insulina produzida para dar conta dela agem como uma bomba metabólica. A circulação do líquido sobe e as células ciliadas passam a trabalhar mais rápido, o que pode provocar a quebra dessas estruturas.
O problema é que, uma vez que isso ocorre, o abalo é irreversível. Não por acaso, a perda auditiva é uma das complicações do diabetes tipo 2. Algumas pesquisas indicam ainda que a surdez súbita, que é mais rara, ocorre com mais frequência nos diabéticos.
O excesso de sal à mesa, hábito comum entre os brasileiros, é outro elemento que bagunça a fluidez do sistema. O impacto é progressivo: as células vão deixando de funcionar até que o silêncio se estabelece de vez. Assim, balancear o prato pode frear o processo destrutivo.
Agora, se os danos já apareceram, nenhum nutriente ou remédio são capazes de revertê-los. Não dá para esperar uma mudança radical. A prevenção segue sendo o mais importante.
Nutrientes que abalam a audição
Sal: o sódio, mineral abundante em itens salgados, faz parte do líquido que banha as células sensoriais, mas o nível deve estar equilibrado para tudo funcionar bem.
Açúcar: quando surge em excesso, o corpo dispara a produção de insulina e acelera o metabolismo, o que também afeta o tal líquido que lubrifica a região dos ouvidos.
Gordura: a ação é indireta, porque a gordura pode, aos poucos, obstruir os pequenos e sensíveis vasos sanguíneos que abastecem o aparelho auditivo.
Álcool: os drinques extras não apenas desidratam o organismo como elevam a pressão interna. Como consequência, nossas células sensoriais sofrem prejuízos.
Os primeiros sinais de perda de audição
• Pedir com frequência para aumentarem o volume da TV ou achar que a música sempre está muito baixa não é um sinal animador
• Levantar demais o tom para se fazer ouvir pode ser uma tentativa do cérebro de compensar um déficit auditivo
• Frequentemente parece que o interlocutor não é claro ou a ligação está ruim? O problema talvez seja seu ouvido
• A ocorrência desse barulho constante e chato é considerada um prenúncio da privação definitiva de som.